Entrevista: Guilherme Teichmann

O bom filho a casa torna. Essa frase é a que melhor define a volta de Guilherme Teichmann para a equipe do Winner/Kabum/Limeira.

Após ser um dos destaques do Vivo/Franca no último NBB, o ala/pivô optou por retornar ao time no qual se sagrou campeão paulista da temporada 2008/2009. Em Limeira, o atleta reencontrará Renato Lamas e Bruno Fiorotto, que faziam parte do elenco campeão e que também estão de volta à equipe.

Em entrevista exclusiva à WTV Brasil, Teichmann falou sobre sua carreira, sua transferência e se mostrou preocupado com a formação de atletas no Brasil. Confira:

Reprodução/LNB
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WTV: Qual a análise que você faz da última temporada por Franca?

Teichmann: Foi uma temporada muito boa. O time foi formado com jovens atletas de muito talento.  Durante o ano se formou uma equipe muito competitiva, que jogava com uma intensidade muito forte.  Chegamos muito perto de jogar a semifinal do NBB, que no início do ano parecia um objetivo muito longe para alcançar. Todos os atletas tiveram um ótimo ano, junto de uma grande comissão técnica que executou bem os treinamentos e fez um ótimo trabalho para formar a equipe.

WTV: Você acha que a sua contusão e a do Jhonatan foram fatores decisivos para a eliminação diante do Bauru?

Teichmann: Acho que sim, mas os jogadores que nos substituíram foram muito bem.  O Léo (Meindl) teve uma melhora considerável de produção, provando que está pronto para jogar em alto nível. Além dele, todo o time se mostrou muito focado e aguerrido para passar de fase. Mesmo com essa situação chegamos muito perto da classificação.

WTV: O que o fez optar pelo retorno a Limeira ao invés de renovar com Franca?

Teichmann: Sempre digo que foi uma decisão muito difícil, por estar em uma equipe que estava bem formada e com uma projeção muito boa.  Mas, acreditando que aqui em Limeira teríamos uma equipe muito competitiva e por ter uma forte ligação com a cidade e todos integrantes do time, acabei escolhendo por voltar para Limeira.

WTV: O que você está achando da movimentação de Limeira com relação a reforços?

Teichmann: Estou gostando muito, mas o mais importante é o que está por traz disso, que é a profissionalização de toda a estrutura da equipe. Existe uma ideia de melhorar todos os setores, evoluindo assim uma estrutura que já era muito boa.

WTV: Falando em estrutura, o que você acha da estrutura atual do basquete brasileiro?

Teichmann: Acho que estamos em um processo de desenvolvimento em que a Liga está muito nova, mas em franco crescimento. Estamos no caminho certo para termos um campeonato muito forte e estruturado. Acho que ainda pecamos na parte financeira e na procura por novos parceiros, mas sei que isso acontece por motivos que com o tempo serão melhorados.  Gostaria muito que tivéssemos uma segunda divisão bem organizada, dando oportunidade para mais times na liga e assim mantendo mais jogadores, técnicos e árbitros ativos em várias regiões do Brasil.

WTV: Como foi a sua formação nas categorias de base? Você acha que tem que melhorar alguma coisa na formação dos atletas brasileiros?

Teichmann: Eu comecei jogando no colégio onde estudava e logo passei a integrar as categorias de base do clube na cidade onde eu morava (Concórdia/SC). Com 15 anos me transferi para São Paulo para jogar no Monte Líbano, onde fui convocado para a seleção brasileira cadete. Ao fim deste ano, fui convidado para jogar no Vasco, onde eu participava da equipe adulta, que na época tinha grandes jogadores e conquistou muitos títulos. Aprendi muito na convivência com Rogério, Demétrius, entre outros nomes. Depois disso fui para os Estados Unidos estudar e continuar jogando na terra do basquete. Foi um período muito marcante na minha vida, aprendi muito dentro e fora da quadra. A formação de jogadores é um assunto que pessoalmente me preocupa muito. Vejo o quanto somos fracos e ainda temos uma estrutura muito deficiente para desenvolver os novos atletas brasileiros. Nossos grandes jogadores foram formados fora do Brasil. Isso acontece por não termos condições de manter esses jovens talentos no Brasil, não temos opções para eles desenvolverem seu jogo de acordo com o seu potencial.

Reprodução/LNB
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WTV: Segundo apurou o Fábio Balassiano, do UOL, o balanço financeiro da CBB de 2012 revelou uma dívida muito alta e mais uma vez a entidade fechou o ano no vermelho. Você acha que a má gestão da CBB é o principal motivo do basquete brasileiro não ter chegado ao nível de outros países?

Teichmann: Acredito que a CBB tem a obrigação de trabalhar para o desenvolvimento da modalidade e, ao meu ver, está deixando a desejar. Vejo que na seleção principal a contratação do Rubén Magnano junto de um amadurecimento e mudança de atitude dos jogadores resolveu o problema de desempenho que tínhamos nos anos anteriores. Mas, como falei antes, a base ainda deixa muito a desejar. Sei que durante o ano os jogadores são trabalhados pelos clubes, mas acredito que a confederação poderia ajudar muito mais na formação de jogadores aqui no país.

WTV: O que você acha do atual formato de disputa do NBB? Você é a favor da criação de uma segunda divisão e dos times entrarem no NBB através de projeto, como foi o caso de Goiânia e Fluminense?

Teichmann: Acho que hoje a Liga não tem condições de ter 20 times. Na minha opinião, o melhor seria ter 15 times, assim teríamos condições de ter uma segunda divisão com outros 10 ou 15 times.  Mas para isso precisa ser criada uma segunda divisão com independência financeira, com paatrocínios próprios para não interferir na primeira. O grande problema é que hoje existe esse mesmo problema para a primeira, que tem dificuldade para conseguir patrocínios de empresas privadas.