RESILIÊNCIA, UM NOVO OLHAR NA EDUCAÇÃO – Por Fabiana Trinhain

A proposta para o momento é a reflexão para um novo conceito que vem somar na área da Educação e pode ser transformadora na vida dos educadores e alunos, a “Resiliência.”.

Muito tempo se discute meios em que as relações entre professores e alunos são efetivamente necessárias para o desenvolvimento das habilidades de ambos, a formação de vínculos além das trocas de afetos contribuem para a formação de caráter e índole dos alunos e educadores.

Levando em consideração esses aspectos levantados, fizemos algumas pesquisas e comparativos com diferentes filmes, pesquisadores e durante nossas aulas na disciplina de “Relações humanas” no Ensino Superior, que afirmam a ação e efeito desses sentimentos que podem e precisam ser resgatados e adequados a nossa vida.

              A proposta do artigo é valorizar as Relações Humanas, de forma que cada um tem seu jeito ser e sentir o mundo e lidar com situações difíceis permeia a vida de todos nós, daí a necessidade em compreender um pouco sobre a Resiliência e assim conseguir ser e fazer independente da situação.

                       Estar atento ao seu próprio comportamento e atitudes, contribuí para que consequências maiores não aconteçam para quem precisa efetivamente ser Resiliente e sair sem danos de momentos que podem causar cicatrizes psicológicas, físicas e sociais na vida pessoa atingida e da família também.

  1. “Reflexões sobre “Amor” e Resiliência”

 

                            “Um educador humanista, revolucionário, não há de esperar essa possibilidade. Sua ação, identificando-se desde logo, com a dos educandos, deve orientar-se no sentido da humanização de ambos. Do pensar autêntico e não no sentido da doação, da entrega do saber. Sua ação deve estar infundida na profunda crença nos homens. Crença no seu poder criador (freire, 1987, p.62).”

Freire (1996) traz como proposta a busca pela igualdade apostando numa educação que possui como pressuposto, o diálogo, em que todos têm direito à voz. O que preconiza este como sendo o primeiro passo, como ponto de partida para que a chama do “amor” se acenda na instituição e na comunidade como um todo.

Para que esta proposta de Paulo Freire frutifique é necessário que não somente a gestão de uma instituição, mas como o corpo docente e o discente, aprenda a ouvir primeiro, ser paciente para pensar antes de falar, para que assim ocorra o diálogo que leve a uma solução plausível, para todos e qualquer problema que por ventura venha a surgir durante as relações pessoais entre os envolvidos.

“Amar” é preocupar-se acima de tudo com o melhor, para todos e não única e exclusivamente para “si mesmo”, é transformar e doar o que mais puro cada um tem dentro de sí.

Segundo o dicionário Aurélio, o conceito de “Amor” é “Sentimento que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou atração; grande afeição ou afinidade forte por outra pessoa.”.

“A resiliência é um conceito psicológico emprestado da física, definida como a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas – choque, estresse etc. – sem entrar em surto psicológico.”

No entanto, Job (2003), que estudou a resiliência em organizações, argumenta que a ela se trata de uma tomada de decisão quando alguém se depara com um contexto entre a tensão do ambiente e a vontade de vencer. Essas decisões propiciam forças na pessoa para enfrentar a adversidade. Assim entendido, em 2006 Barbosa propôs que se pode considerar a resiliência como uma combinação de fatores que propiciam ao ser humano condições para enfrentar e superar problemas e adversidades..(pt.wikipedia.org/wiki/Resiliência_(psicologia.)

Análise de filmes e situações que permeiam a vida escolar

Lutar contra aquilo que se considera como errado, ter seus princípios e acreditar em valores é o que contribuiu na formação de um individuo e o completa na sua singularidade e o faz presente em sua essência em sociedade.

Acreditar é o que percebemos claramente no filme: Um, Treino para a Vida, onde através da atitude que o treinador de basquete Ken Carter (interpretado por Samuel L. Jackson), uma película baseada em uma história real, que deseja transformar a vida de garotos de uma escola de periferia da Califórnia, utilizando o esporte para educação.     Carter faz com que esses garotos comecem a visualizar um mundo diferente, com a possibilidade de irem para a universidade, de não pertencerem ao mundo que seus pais e amigos fazem parte, o das drogas e do crime, enfim, podem se tornar verdadeiros cidadãos e profissionais.

Para chegarmos a esse objetivo, o treinador teve de ter persistência, determinação e principalmente coragem, para enfrentar todos os que eram contra a sua posição, pois estavam acomodados àquela velha e distorcida visão, em que rotulam as pessoas pela simples aparência, nunca procurando trazer à tona o real valor do indivíduo.

Posição que não é incomum, ela está presente em inúmeras instituições que consideram o ser humano como um objeto de uso, mas não é isso o ser humano é um ser complexo que necessita muitas vezes de compreensão e atenção.

Outro exemplo é o apresentado pelo professor Jaime Scalante interpretado por Edmund James Olmos, outro filme baseado em fatos verídicos, nos relata a história de um grupo de alunos, de origem hispânica, que estudam em uma escola sucateada nos subúrbios de Los Angeles. Ao superarem o preconceito, demonstram que a etnia não é fator decisivo para o sucesso ou para o fracasso.

Através da capacidade de superação dos alunos, somada a disposição e a força do professor de matemática, eles percebem que, se a condição de vida e de trabalho é similar, então, não existe uma superioridade de uns sobre os outros. O filme aborda alguns fenômenos sociais importantes como o preconceito, a cooperação, a competição, o conflito, entre outros, além de explicar o que, certamente já foi vivido em outros locais dos Estados Unidos e, acredita-se também, no Brasil.

Este episódio nos ensina que não devemos rotular ninguém, mas sim, assim como este professor de matemática ensina-nos a ser determinados, persistentes, mesmo que para isto tenhamos de ir contra tudo aquilo que nos cercam as regras pré-estabelecidas, no caso do filme o professor colocou em risco até mesmo a sua saúde, mas isto não o impediu de levar os seus alunos a alcançar o objetivo final.

No filme Desafiando Gigantes, nos transmite a mensagem para não desistirmos, não voltarmos atrás e não percamos a “fé”. Ele nos desafia a creditar nos poder da “fé”, a perseverar, acreditar para vencer.

 O treinador Grant Taylor, interpretado pelo pastor Alex Kendrick, passa para os meninos da equipe o seu novo espírito, que contagia a todos em sua volta, fazendo não só os jovens do time, terem uma postura positiva e vencedora como muitos outros na escola e alguns pais também, uma cena marcante em que mostra de que devemos manter o foco e a “fé”, é quando ele venda os olhos do aluno Matt Prater, interpretado por James Blackwell, visto que o mesmo vivia dizendo que não dava, o faz ficar de quatro e levar em suas costas um companheiro de equipe, e quando e mesmo dizia que não conseguiria, o treinador gritava em seus ouvidos, “vai em frente, falta pouco…”, quando o mesmo retira a venda percebe que chegou ao final do campo e carregando um companheiro que pesava mais do que anteriormente auferido.

As conquistas acontecem na vida profissional e pessoal, fazendo o treinador acreditar ainda mais que o poder da crença proporciona a habilidade de vencer.

Em Patch Adams – O Amor é Contagioso que baseado na vida de Hunter Doherty Adams, mais conhecido por Patch – apelido que ganhou de um dos internos – o qual passou a assumi-lo como oficial Patch Adams, que em 1969, após tentar se suicidar Hunter Adams (Robin Williams) voluntariamente se interna em um sanatório.

Ao ajudar outros internos, descobre que deseja ser médico, para poder ajudar as pessoas. Deste modo, sai da instituição e entra na faculdade de medicina, porém ao utilizar métodos singulares para tratar de pacientes em hospital. Fazer rir com boas doses de carinho é seu tratamento. Com muito humor e irreverência ele conquista simpatias, o que confunde alguns colegas da classe e intriga superiores, os quais não concordam com suas ideias e querem prejudicá-lo. Aos poucos o ambiente hospitalar adquire novo aspecto e o acadêmico vai conquistando crianças e adultos ao ponto desta relação alegre e carinhosa do médico com os pacientes tornarem-se essencial para o sucesso no tratamento de alguns ou minimizar o sofrimento de outros.

Mesmo com seus métodos sendo encarados por insatisfação do corpo médico e colegas de classe, Patch com obstinação, prossegue em seu propósito e em decorrência disto seu afastamento do corpo clinica torna-se inevitável, permanecendo apenas na assistência das aulas. Sem deixar de fazer “visitas” a seus pacientes, é flagrado pelo diretor que o afasta de vez das dependências do hospital. Tal medida provoca certa comoção nos pacientes que demonstram insatisfação, chegando a regredir o tratamento.

Expondo sua ousadia mais uma vez Patch, juntamente com colegas que o apoiam, mais uma garota em especial que vem a namorar, resolvem criar um local apropriado para fornecer qualidade de vida a enfermos, e dar-lhes assistência gratuita. Institui o “Seu Hospital”. O local vai criando forma, os amigos trabalhando juntos, os doentes aparecendo, doações sendo recebidos, auxílios de todas as formas possíveis. Mas uma fatalidade fez Patch Adams cair na realidade ao sentir a perda de sua parceira e namorada, ela morre assassinada por um dos pacientes acolhido no hospital. Seus sonhos e ideais já não tem aquele entusiasmo e para piorar a situação, o hospital dá sinais de falta na estrutura. Apesar da cooperação dos companheiros, os recursos tornam-se escassos e a conclusão do curso está na reta final.

Após muita tribulação durante o curso, Patch consegue tornar-se médico para surpresa da direção, de seus colegas, pacientes e funcionários do hospital que o homenageiam.

No filme encontram várias mensagens dentre as principais encontram-se: – Independente, do que faça, trate com amor; -Busque dedicar- se naquilo que goste; – Trace uma meta, e lute por ela. (Lucas Silva – DJ kas).

Neste filme tema central deste trabalho, comparando com o que o verdadeiro Patch Adams relata em uma entrevista dada ao programa Roda Viva no dia 05 de novembro de 2007, que ao contrário do que o filme transmite, ele não concorda com “rir é o melhor remédio”. Eu nunca disse isso. A amizade claramente é o melhor remédio.

Em seu relato o que mais importa na vida, são nossas relações com aqueles que amamos. Infelizmente, os meios de comunicação, sendo como são, influenciam ativamente em nossas vidas.

Baseando-se nestes aspectos, vê-se que se torna extremamente necessário realizarmos a “resiliência”, em nosso campo profissional, é um termo oriundo do latim resiliens, que significa voltar ao estado normal, onde tal significado aplicado no campo de relações humanas, além de sermos capazes de lidarmos como os nossos problemas, vencermos obstáculos e não cedermos à pressão seja qual for à situação, temos de ser capazes de ensinar isto ao corpo discente de uma instituição, interiorizando esta frase chave “Nunca é tarde para uma revolução de amor” (Patch Adams).

  1. Comparativos e práticas nas Abordagens Psicológicas no Ensino Superior

Quando nós referirmos ao filme “O amor é contagioso”, a ideia de “Amor” e ‘Resiliência”, aparecem facilmente, levando em consideração abordagens Psicológicas como: Reforço Positivo e negativo, no que refere-se aos estímulos de “recompensa” ou “reforço”, essa ideia de Skinner, transfere exatamente a reação a algum estímulo externo, nesse momento o aprendizado acontece pela ação que se faz repetitiva, ou seja o individuo reage conforme influência do meio em que vive e sempre espera a avaliação do outro ,o estímulo .

Já em uma visão segundo  Robert Gagné, precisamos dos conceitos, princípios para resolver problemas, daí a necessidade e compreensão dos signos para o aprendizado aconteça.

Já em um contexto conforme as concepções de Jean Piaget, a inteligência manifesta-se através do pensamento e traz embutida a base para adquirirmos o conhecimento. Se levarmos em consideração esse conceito, toda ação é dada por nosso pensamento e reagiremos de forma resiliente, quando encontrarmos significados e estímulos externos que nós auxiliemos a voltarmos ao nosso estado de tranquilidade.

Considerações finais

O artigo nós leva a valorizar as pequenas atitudes e momentos do nosso cotidiano, mas principalmente sugere ideias e concepções de ações para um trabalho de cooperação, solidariedade e acima de tudo um olhar disponível dos Educadores para os educandos, em especial do Ensino Superior.

Que tem como objetivo de vida a busca da realização profissional e formação pessoal, para isso ter ações “Resilientes” em situações que aparecem entre as paredes da Escola e estendem-se para fora dela, é uma medida que irá favorecer para que o aluno desenvolva a capacidade de reagir de forma consciente e com critérios para arcar com as consequências de qualquer gênero, independente da situação.

Como nos filmes e segundo alguns pesquisadores ser um facilitador para que as relações aconteçam não é uma tarefa fácil, é preciso ter um olhar, uma sensibilidade e uma prontidão, além de uma abertura do outro que sofre a pressão ou uma dificuldade, tanto o Amor, como a Resiliência são fundamentais na Educação, para sabermos lidar com.

Por fim, cada ser é único e traz consigo próprio uma bagagem, ligada aos sentimentos, emoções, afinidades, confiança, disponibilidade, caráter e ética, são esses sentimentos que vão compor os contextos familiares, escolares e corporativos do individuo, daí a necessidade e cuidado dos Educadores nas ações e perfil da sua turma, para que ativamente tenha condições para lidar com qualquer conflito.

Fabiana Trinhain

Referências

 

OLIVEIRA, N. M.; ESPINDOLA, C. R. Trabalhos acadêmicos: recomendações práticas. São Paulo: CEETPS, 2003.

Kullok, m.g.b. Relação Professoráluno. Maceió:

PIMENTA, Selma Garrido (org). Didática e formação de professores. São Paulo:Cortez,2000.

EDUFAL. 2002. Isbn 13:9788571771222.

MORIN, Edgar. Os sete saberes para a educação do futuro.Lisboa:Instituto Piaget,2002

DELPRETTE,A;DELPRETTE,Z.A.P.Psicologiadasrelaçõesinterpessoais. Petrópolis:Vozes.2001.ISBN13:9788532625960.

Bíblia Sagrada, 34a ed., Editora Ave Maria Ltda., 1982.

SULLIVAN, E. Aprendizagem transformadora. São Paulo:Cortez-Instituto Paulo Freire,2004

3 thoughts on “RESILIÊNCIA, UM NOVO OLHAR NA EDUCAÇÃO – Por Fabiana Trinhain

  1. Amei o artigo da Fabiana Trinhain. Aborda um tema atual e muito discutido. As citações dos filmes como referência ao assunto, fechou com chave de ouro o artigo , elucidando de forma clara e exemplar o tema abordado. Parabéns!

  2. Alessandra

    Gostei muito do texto. Precisamos mesmo ter mais resilência e tratar a educação e formação de alunos com mais atenção respeitando cada um com seu tempo e talento. Estimular a auto estima e confiança assim teremos adultos mais talentosos e capazes de respeitar uns aos outros.

  3. Simone Noronha Toledo

    Concordo com Patch Adams “ A amizade claramente é o melhor remédio”. Acrescente na nossa vida o olhar e o cuidado da família,professores, e/ou responsáveis que devem estar atentos ao comportamento dos seus filhos e alunos. Parabéns Fabiana Trinhain por nos trazer este tema para reflexão. Este é um assunto que jamais devemos esquecer. Seja você educador ou não.

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