O nascer do sol em um rosto

Dentro do estudo das sensações pode-se entender o que é belo. Alexander Gottlieb Baumgarten introduziu o termo “estética” no campo filosófico, possibilitando o estudo dos parâmetros de beleza. Para ele, o belo é o ato de perceber, sentir e imaginar.

Talvez a beleza não esteja na obra de arte em si, mas no olhar sensível de quem observa uma tela. Claude Monet, pintor francês de diversos quadros, iniciou o movimento impressionista com a obra “Impressão, nascer do sol”. Nela, o pintor pregou a liberdade, a tradução do que se via e principalmente: a ruptura, isto é, a quebra com os padrões da academia.

De modo análogo ao impressionismo, temos os rostos espalhados por todo canto do mundo e em cada um deles é possível encontrar singularidade e diferentes tipos de beleza, no entanto, há uma tendência a encontrar dificuldade em enxergar o que é bonito no outro, então transfere-se o problema para o indivíduo que passa a ser chamado de feio. Evidencia-se isso com o pensamento do filósofo Immanuel Kant que acredita que a beleza está no próprio objeto e ela só existe de fato quando há unanimidade e não se pode questionar, trazendo então um padrão a ser seguido.

“Os bichos só são feios se não entendermos seus padrões de beleza. Um pouco como as pessoas. Ser feio é complexo e pode ser apenas um problema de quem observa” (Valter Hugo, 2014). Seguindo a ideia exposta no livro O paraíso são os outros, entende-se que em cada face existe uma pintura bonita, mas se essa arte for fora dos padrões estéticos impostos ela não será aceita, assim como o impressionismo foi negado na Europa do século XIX.
Atualmente Monet é visto como um grande pintor, assim como Hans Arp, pintor francês que também contribuiu com a arte moderna através da sua participação no movimento dadá. Os movimentos estéticos que foram negados há anos atrás hoje são cuidadosamente admirados. Conclui-se então que existe algo de bom pintado em seu rosto e essa observação vem com o tempo. Quando se olha com cuidado, as características do homem se tornam harmoniosas, até as mais assimétricas, pois a junção de cada “defeito” resulta numa poesia tão defeituosa quanto real: o próprio ser. A sua beleza vai passar despercebida por alguns, mas sempre há alguém que sabe apreciar a obra inovadora que você é. Portanto, deixe a desordem e o caos que vivem em alguns traços seus reinar, assim como nos quadros dadaístas.

 

Por: Sandy de Souza – Estudante de Jornalismo – E-mail p/ contato: sandydesouza1510@gmail.com