Monstro é aquele que escolhe o ódio. Os filhos abandonados da pátria que os pariu.

Nas formas políticas idealizadas por Platão na Grécia Antiga, em todos os momentos em que as vontades da população se conflitavam, sempre surgia a “necessidade de um Estado forte e organizado” para que se restituísse a ordem. Em muitos outros momentos da história que sucederam o período Clássico, vemos essa descrença na política e uma constante necessidade de uma forma autoritária como único meio de restabelecimento da paz e fim dos conflitos sociais.
Aliás, o maior exemplo disso foi a experiência imperialista, antiburguesa, autoritária, antiliberal e nacionalista que a Alemanha viveu na década de 30 em que muito se assemelha ao que estamos vivendo hoje (século XXI) no Brasil. Ver em uma figura autoritária, violenta e repressiva como solução, não é nada novo na história do mundo, por isso essa solução que encontrou para resolver os problemas do Brasil, sempre existiu.

A contrariedade dessa solução, que você acredita ser genuína, sempre causou muitos destroços e uma fila imensa de pessoas mortas por onde passou. O grande problema da política autoritária na realidade é o ódio que essa figura causa na população. São muitos os casos de violência que aumentaram nas últimas semanas com o chamado “fenômeno do mito”. E não venham me dizer que a oposição também assume formas violentas, porque é possível listar vários casos em que a violência ocorreu em nome do “Messias”.

A era da “pós-verdade” faz com que todo tipo de violência, ofensa e repressão seja considerada “uma simples brincadeira” e cada vez mais a política do ódio se dissemina por meio da população frustrada. Acredito que mesmo a vitória da oposição ocorra, os casos de ameças, violência e opressões continuem acontecendo e aumentando. O diálogo deixou de ser considerado uma ferramenta politica: afinal, política é um assunto que não da para ser discutido, ou, em alguns casos que ando vendo, as pessoas têm medo de darem as próprias opiniões. Realmente é confiável uma figura politica que foge aos debates afirmando temer um atentado terrorista?

O ódio nas políticas sociais criaram um monstro na cabeça das pessoas, e o grande problema que estamos de panos de fundos, e elegendo um monstro ainda maior. Setores mais moralistas da sociedade como a família tradicional e igrejas evangélicas apoiam esse “Messias” que afirma que “grande parte da população brasileira também é favorável a tortura”. A contradição do mundo, que sempre existiu, esta chegando a níveis extremados da hipocrisia.

A escola de samba G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis, foi vitoriosa nos desfiles do carnaval de 2018, com o enredo “Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos abandonados da pátria que os pariu” (música na qual esse texto foi inspirado). No qual a população abandonada por sua pátria-mão acaba se transformando no monstro Frankenstein. A história agora pode estar construindo um monstro muito mais maldoso, violento e insensato do que o pobre coitado personagem de Mary Shelley.

Depois de tudo isso que disse, provavelmente você vai se revoltar, pois, supostamente eu te chamei de fascista ou ignorante perante aos fatos. Mas acredite, mesmo que a oposição vença nesse segundo turno, a partir do dia 1° de janeiro serei oposição.

 

João Santana (ou Grillo) é estudante de Ciência Sociais na Unifesp e escolheu esse curso porque tinha o sonho de mudar o mundo e nunca teve grandes ambições econômicas na vida.