Após 7 anos da última visita ao Brasil, a banda entregou um show com mais de duas horas de duração e muitos sucessos da carreira
O show do Taking Back Sunday no último domingo, 17, acertou em cheio na memória afetiva de quem viveu as fases post-hardcore e emocore durante os anos 2000. A banda voltou à capital paulista após 7 anos desde a última visita e surpreendeu com uma noite repleta de hits no Fabrique Club.
Os shows fazem parte da turnê mundial que comemora o aniversário de 20 anos da banda e 17 do álbum de lançamento, Tell All Your Friends. Os trabalhos mais recentes da banda norte-americana (Happiness Is, lançado em 2014, e Tidal Wave, em 2017) contam com uma roupagem diferente das antigas criações. Deixando um pouco de lado o tom urgente e melódico nos graves e agudos, a banda mantém a consistência nas letras que, aliadas às composições, mostram um som mais maduro.
Logo na entrada do Fabrique Club, na Barra Funda, os portões se abriram às 18h com uma fila tímida de pessoas. Conforme os fãs vão entrando no local, o espaço em frente ao palco (sem grades) já é completamente ocupado.
Após alguns minutos da abertura dos portões, com um pequeno atraso, a banda Raça sobe aos palcos. Expoente da nova cena Indie brasileira, acompanhada por bandas como El Toro Fuerte, Não ao Futebol Moderno e Boogarins, o quarteto paulista reúne influências que vão do emo lento, carregado e melódico, aos arranjos rápidos presentes no hardcore.
Com a alternância de vocais entre Popoto (Vocal/Guitarra) e Novato (Vocal/Baixo), o show começou devagar e foi ganhando força à medida que a banda perdeu a timidez no palco. A postura introspectiva da banda foi diluída aos poucos dando lugar a um clima mais leve quando o vocalista, Popoto, agradeceu a oportunidade de tocar e abrir a noite para sua banda favorita, o Taking Back Sunday, entre um som e outro. Músicas dos últimos trabalhos em estúdio da banda compuseram o setlist da noite, Saboroso, de 2016 e Deu Branco, de 2014.
Após a saída da Raça dos palcos, a atração principal tomou seu lugar. O Taking Back Sunday subiu aos palcos entre os gritos de uma legião de fãs que já preenchia quase toda a pista do Fabrique Club. A banda chegou com a proposta de tocar seu álbum debut na íntegra e não decepcionou ao abrir a noite com “You Know How I Do”, primeira música de Tell All Your Friends, seguida de Bike Scene e Cute Without The “E” (Cut From The Team).
Com o passar dos hits, foi engraçado olhar ao redor e ver pessoas que mal tinham saído da adolescência e deveriam ter entre 18 e 20 anos, e os mais velhos, um público que já beirava os 30 ou mais. Enquanto isso, o vocalista Adam Lazzara esbanjava simpatia, sorrindo muito e conversando com a platéia, chegou a comentar entre um som e outro que estava se divertindo muito.
O bom humor e simpatia se estenderam durante toda a noite, com direito à homenagens, piadas entre a banda e os fãs e, até mesmo um desejo de feliz aniversário especial para uma fã.
Após as primeiras músicas, algumas pessoas começaram a subir no palco fazendo o famoso “stage”, abraçando os membros da banda e se jogando na pista em seguida. Porém, a falta de grades entre o palco e o público facilitava a subida de todos que estavam ali, ao ponto de olhar para o alto e ver mais de cinco pessoas ao mesmo tempo com a banda, tirando fotos, roubando palhetas, baquetas e o microfone de Lazzara, quando faziam um “karaokê” com a banda para mais de um refrão. Isso começou a irritar alguns fãs que ficaram na frente do palco e tinham que segurar todo mundo que se jogava, uma pessoa seguida da outra, sem conseguir aproveitar o show.
Neste momento, subiam ao palco pessoas que já haviam ido antes claramente extasiadas, até que a produção da banda precisou intervir, porque a prática começou a atrapalhar os músicos e o andamento do show, enquanto a banda observava com bom humor e incredulidade os fãs “ligeiros”.
Entre uma piada e outra dos integrantes da banda, a execução do Tell All Your Friends acabou, dando lugar à outras músicas em aproximadamente mais uma hora de show. Sucessos como Liar (It Takes One to Know One), Error:Operator, Set Phasers to Stun, Flicker, Fade, Your Own Disaster, You Can’t Look Back, entre outras. E, segundo a banda, de forma inédita nos palcos há pelo menos quatro anos, Adam performou no violão o single This Photograph Is Proof (I Know You Know).
Chegando ao fim do show, alguns roadies tiveram que se posicionar nos cantos do palco para evitar a subida de mais pessoas ao palco, o que desanimou os esperançosos que ainda tentavam se aproximar dos ídolos.
Enchendo o coração dos fãs que cantaram por mais de duas horas à plenos pulmões sem desanimar, o quinteto encerra a noite com o hit absoluto MakeDamnSure. Firmando uma noite enérgica, nostálgica e cheia de sucessos, que empolgou não só os fãs mais antigos, mas os novatos também. Apesar das falhas durante o show, indo de fãs invasivos à alguns momentos de desafinação de Adam engolidos pelo volume dos outros instrumentos, a banda entregou um show único e muito satisfatório.
Deixando os fãs brasileiros com gostinho de “quero mais” e, com certeza, muita saudade da adolescência, o Taking Back Sunday se despediu do Brasil com uma grande apresentação.
Se liga na playlist do Spotify com o setlist completo da passagem do Taking Back Sunday pelo Brasil!
