Trinta homens estupraram uma jovem de 17 anos, poderia ser eu ou você – Por Maria das Neves

As lágrimas correm no rosto de tristeza e revolta. A cultura do estupro é perversa e uma histórica arma do patriarcado.

Uma mulher foi violentada. E, a culpa não é dela. Ela é a vítima! A CULPA NUNCA É DA VÍTIMA. Nós, mulheres somos educadas à nos culpabilizar. E os homens à objetivar e violentar as mulheres. Vivemos numa sociedade machista que naturaliza e até justifica a violência contra as mulheres.

Mulheres, a culpa não é nossa! Somos vítimas de um sistema patriarcal que humilha, estupra e mata. NENHUMA MULHER PEDE PARA SER ESTUPRADA!

Os homens que cometeram este crime e ainda gravaram e publicaram nas redes sociais não são doentes, são criminosos, ESTUPRO É CRIME. E devem ser punidos como tal. Lugar de estuprador é na cadeia!

A CULTURA DO ESTUPRO

O número de estupros no Brasil é impressionante: oito por dia ou um a cada três horas, em média. Isso só dos que são denunciados pelo telefone 180. Mas, muitas vítimas acabam não denunciando por medo ou vergonha.

Precisamos debater a cultura do estupro. O PL 5069, estopim da #PrimaveraFeminista propunha dificultar o acesso ao atendimento médico as vítimas de violência sexual, contribuindo para naturalizar e reforçar a cultura do estupro. Além de modificar a definição de violência sexual. Resistimos nas ruas! Mas, o espectro do retrocesso está instalado no Congresso Nacional e no Governo ilegítimo.

Para as mulheres a ditadura é permanente, a ditadura do medo, do patriarcado. Somos reféns de homens armados de falos e ódio contra as mulheres. Todos os dias somos sobreviventes. Transformar nossa dor em luta, é isso mesmo, meninas.

Vitimismo? Oi?

Quando uma mulher é estuprada por 30 homens, e esses caras divulgam nas redes sociais o crime, o post tem vários compartilhamentos, apoio e pessoas reclamam da reação feminista chamando de vitimismo, devemos afirmar: Precisamos do feminismo, desesperadamente!

Machismo estupra e mata. Feminismo protege e liberta. Não nós fazemos de vítimas. Nós, mulheres, somos as vítimas, mesmo, infelizmente. Não escolhemos essa realidade, é o patriarcado que nos impõe.

Se você é homem e acha tudo que falamos é vitimismo. Imagine ser estuprado por 30 homens, desacordado, sem poder se defender, sem se quer poder gritar. E ainda ser exposto em redes sociais. Consegue imaginar? Certamente, não. Pois é. Agora, imagine conviver com esse medo todos os dias, na rua, na faculdade, no trabalho, na balada. Isso não é vitimismo, é o cotidiano de ser mulher.

O patriarcado tenta castigar as mulheres, todas as mulheres, nascidas ou não com genitália feminina, nos condena a ditadura do medo. Mas, mal sabem os machistas que ser mulher não é uma maldição, mas sinônimo de resistência, combustível da revolução.

Somos muitas, e juntas somos mais fortes!

Lutemos como mulher!

Maria das Neves, Diretora de Jovens Mulheres da UJS

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