Por que não aprender com os alemães?

Por que não aprender com os alemães?

Nessa semana me chamou a atenção uma declaração do jornalista Gerd Wenzel, da ESPN Brasil, no programa Segredos do Esporte. Ele estava falando sobre como funciona a estrutura do futebol alemão e mencionou que nos estádios da Alemanha há uma espécie de “creche”, onde os pais podem deixar seus filhos pequenos durante as partidas. Nesse local há playgrounds e monitores muito bem treinados para cuidarem das crianças.

placar.abril.com.br
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Eu fico pensando: será que um dia conseguiremos ver isso aqui no Brasil? Acho muito difícil. Na Alemanha, a preocupação é muito grande em dar todo o conforto para o torcedor. O preço dos ingressos não é abusivo e cada um tem o seu lugar marcado e que obviamente é respeitado. Você pode me dizer assim: “a graça é ver o jogo em pé”. Pois bem, vocês sabiam que nos estádios alemães há setores para quem quer ver o jogo em pé e que até nesses locais os lugares são numerados? Difícil de imaginar isso, não?

O futebol alemão como um todo passou por grandes transformações nos últimos anos. Após uma série de fracassos dentro de campo, a federação de futebol passou a investir pesado na formação de jovens jogadores e várias escolinhas de futebol ligadas aos clubes profissionais foram criadas. Além disso, a Federação Alemã passou a exigir em seu estatuto que os sócios do clube tenham 51% dos votos em decisões a serem tomadas, evitando assim o surgimento de Kias, Abramovichs, etc.

Como resultado dessa reestruturação, hoje a Bundesliga é o campeonato mais rentável da Europa, os estádios estão sempre cheios e um grande número de jogadores foram revelados, como os casos de Gotze e Reus, do Borussia, Müller, do Bayer de Munique, Ozil e Khedira, do Real Madrid, entre outros.

E uma importante observação: tudo isso foi feito sem elitizar o público nos estádios, que é o que eu acho que estão querendo fazer no Brasil. Aqui vemos ingressos estupidamente caros, qualidade técnica baixíssima dentro de campo, banheiros em péssimo estado, empurra-empurra para entrar, falta de estacionamento, transporte público precário, etc. Falo tudo isso por experiência própria, pois vou ao estádio desde os cinco anos de idade.

Acho que não é pecado nenhum reconhecer os próprios erros, olhar para o sucesso dos outros e tentar aprender com eles. Mas não, parece que no “país do futebol” (embora eu ache que não somos mais o país do futebol faz tempo) é proibido esse tipo de coisa. Quando surge a oportunidade de contratar um técnico como Guardiola para o comando da seleção brasileira, o presidente da CBF vem a público e diz que ganhamos cinco Copas do Mundo com técnicos brasileiros e que não precisamos de estrangeiros. Ok. Vamos fingir que está tudo bem e rezar para que um dia as coisas mudem por aqui.

Só pra lembrar: dois clubes alemães chegaram na final da Champions League.