Público: o patrimônio esquecido pelos clubes brasileiros

Por Bruno Faria

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O Campeonato Brasileiro de 2013 está emocionante. Todos os jogos valem alguma coisa. Seja pelo título, pela vaga na Libertadores ou pela fuga do rebaixamento, todas as equipes estão envolvidas. Não, eu não repetirei o que o Danilo disse aqui ontem. Abro o texto dessa forma para tratar de um assunto que me incomoda muito: o público nos estádios do Brasil.

Se o campeonato é tão equilibrado e disputado, como o público não responde? O Botafogo, por exemplo, é um dos times que joga o futebol mais envolvente da competição, tem um craque do gabarito de Clarence Seedorf. E ainda assim, o público não comparece. Em toda transmissão do jogos do vice-líder da competição, vemos os lugares principais, que dão vista lateral às partidas, completamente vazios. De quem é a culpa? Gostaria de ter certeza disso. É óbvio que os clubes culpariam o consórcio Maracanã S/A, que arrendou o estádio. Óbivo que deve haver abusos. Mas Botafogo, Fluminense e Flamengo compactuaram com os mesmos ao assinar o contrato com a consórcio, que tem relações com a MMX, de Eike Batista.

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Arena Pernambuco e sua “lotação”

Não é só no Rio de Janeiro que os estádios estão vazios. Sabem qual é a média de público do Brasileirão até aqui? Míseros 14.156 pagantes. Uma ocupação média de 38%. Levando em consideração que estamos em 2013, ano em que diversas novas arenas foram inauguradas para a Copa das Confederações. Nem mesmo o fator “novidade” eleva esse número.

Somos mesmo o país do futebol?

públicoO São Paulo precisou reduzir drasticamente o valor dos ingressos para que seu torcedor apoiasse o clube no momento atual, que é um dos piores da história. A recém inaugurada Arena Pernambuco tem públicos ridículos a cada rodada. Não é a toa que o Náutico, clube mandante do novo Estádio, tem apenas nove pontos na competição. Enquanto isso, nosso público é menos que a metade de Campeonatos como o Alemão e o Inglês. Até mesmo a MLS (Major League Soccer), fundada em 1996 nos Estados Unidos, já surgiu com públicos maiores que os nossos. Americano gosta de futebol? Eu diria que não, mas segundo o Danilo, se o Estiva lutasse Boxe em uma arena de lá, ela estaria lotada. Peço que olhem com atenção ao gráfico ao lado porque deu um puta trabalho pesquisar tudo isso eu me espantei.

Os clubes brasileiros precisam encontrar um valor justo, que atraia seu público. Estádio cheio é ativo dos times e não pode ser ignorado. As novas arenas, mesmo vazias, trouxeram mais receita para os clubes. Imaginem o dinheiro que não geraria se os estádios tivessem cheios? Que cobrem um pouco menos no valor do ingresso. Esse valor, com certeza será recuperado em compras dentro dos complexos esportivos, se o povo criar o hábito de ir aos estádios. Programas de Sócio-Torcedor como de Corinthians, Grêmio e Internacional já se mostraram muito eficazes. Clubes, por favor, copiem sem dó. O futebol brasileiro precisa de casa cheia.

Menção Honrosa: A torcida do Santa Cruz merece destaque. Há anos, mesmo com o time disputando divisões inferiores (Séries D e C), o Mundão do Arruda está sempre cheio. Esse ano, os corais do tricolor pernambucano aparece com a segunda melhor média entre os brasileiros: 24.347 pagantes. Deve ser o efeito CR7 (Caça Rato 7).

Mundão do Arruda sempre lotado

 

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