A primeira edição do Encontro Com Escritores Africanos, foi uma mistura de cultura e conhecimento.

No Brasil cerca de 53,6% da população é negra, contudo não evita a marginalização e o racismo perante essas pessoas. O Encontro Internacional Com Escritores Africanos ocorreu no domingo dia 5 de agosto, sendo a primeira edição do evento com o intuito de promover a literatura africana e expandir as diferenças culturais existentes nesse continente, além de estreitar as relações com o Brasil no qual possuem diversas características semelhantes trazidas pelos negros que foram escravizados durante o período colonial. 

A inauguração do evento ocorreu no Centro Cultural Olido, com um enorme interesse do público, passando das 2.000 inscrições, segundo os organizadores, demonstra o enorme interesse de se compreender e entrar em contato com a cultura africana além da sua literatura. Na abertura do encontro o Cônsul Geral de Angola em São Paulo, embaixador Belo Mangueira, ressaltou a importância do evento lembrando a falta de espaço no mercado literário, como é abrangente o consumo da literatura brasileira na África, o contrário que acontece no Brasil.  O escrito e participante do evento Marcial Macome afirma: “Muitos escritores negros têm, muitas obras maravilhosas, mas essas obras não chegam a quase toda parte do mundo”. 

A organização do evento ficou por conta do angolano João P. Canda, sendo escritor, produtor cultural, editor e palestrante, reunindo seus conhecimentos e experiências, para idealizar a grande ambição de divulgar e incentivar os escritores, tornando a literatura uma referência tanto no Brasil quanto internacionalmente, abrindo portas no mercado literário e assim expandindo conhecimento sobre a história e a cultura africana. 

A ligação entre o continente e o Brasil deu-se no período colonial, os europeus dominaram o continente africano bem quase toda sua totalidade, apenas dois países não sofreram com esse domínio, sendo eles a Etiópia e a Libéria. O que podemos pensar que a cultura, a língua e o próprio desenvolvimento da maioria desses países foram interrompidas em suas naturalidades. Outras consequências foram a terrível escravização de africanos, tanto em seus países quanto em outros como o Brasil. 

O encontro foi uma difusão de diversas palestras dos escritores que marcaram presença: Amélia da Lomba (Angola). Além de ser homenageada, pelos seus 20 anos dedicados como escritora. Moustafa Assem (Egito/Cabo Verde), Otunba Adekunie Aderonmu (Nigéria), Sundae Nkeechi (Camarões), Marcial Macome (Moçambique), Marta Santos (Angola), Prosper Dinganga (República Democrática do Congo), Isidro Saben (Angola), Alexandrone Biyouha (Camarões). Trataram de diversos aspectos culturais, desde a literatura, pintura, aspectos do casamento tradicional, filosofia africana, teatro dentre outros assuntos tratados nos eventos. 

O encontro com os escritores africanos, foi um grande evento que partilhou de diversas experiências entre pessoas. Em alguns depoimentos colhidos sobre a relevância desse evento e o impacto que ele tem sobre as pessoas, Otunba Adekunle Aderonmu, príncipe da Nigéria, escritor, empresário e bioquímico, diz que o evento é importante aos escritores africanos, mas também: “Mostrar nossa cultura, principalmente pros brasileiros, que possuem 50% de afrodescendência, e precisa conhecer sua origem…” Para a professora de inglês Ana Gilda, visitante do evento: “Você percebe os seus aqui. Para nós negros isso é importante” e para Romildo José dos Santos, poeta e escritor brasileiro sente que prestigiar o evento: “É encontrar a parte da terra que faltava em mim…” 

Como primeiro evento o Encontro Internacional Com Escritores Africanos, tende a ter uma responsabilidade muito grande, principalmente por não possuir outros eventos que englobem tudo que aconteceu no encontro, tanto pela oportunidade de se conhecer mais de perto as raízes e matrizes africanas. As diferenciações e riquezas culturais em geral que fazem parte, além de estreitar essa relação com o público que se sentiu extremamente representado e contemplado, algo em comum nos depoimentos dos visitantes e funcionários, onde viam os negros como protagonistas tanto na organização, mediação e apreciação do evento.